23.10.05


Abel Luís Xavier: "sou contrabandista de amor e saudade / transporto no peito a minha cidade"

O MUNDO PÓS MODERNO DOS EMPRESÁRIOS, case study # 3
por Augusto Justo, caixeiro viajante.

Lyotard afirmou, uma vez ao jantar, que "Ninguém possui a mesma história, ninguém sabe as mesmas coisas”. Nesta asserção terá pensado Abel Luís da Silva Costa Xavier, nampulense de origem, quando decidiu escolher o seu empresário. Ao contrário do inempresário de Beto ou do Pós-Empresário de Bazan, Abel escolheu aquele que pode ser considerado O Melhor Empresário De Todos Os Tempos – ou pelo menos O Empresário Com Mais Poder de Colocação de Sempre. O leitor que escolha. O que é certo é que Xavier pode gabar-se de ter um génio das colocações do melhor que existe. Se o Ministério da Educação pudesse ter um homem destes nos quadros, era garantido que não havia um único professor sem colocação. Porque este Homem Oculto – é dele que falamos – conseguiu pôr um jogador mediano (que até poderia gabar-se de ter sido internacional A quando militava num clube da segunda divisão, não fosse o facto de ser um dos delfins de Carlos Queirós, então seleccionador A) a jogar um pouco por toda a Europa, inclusivamente em clubes de topo. Abel é, sem saber como, o nosso Europetrotter. Do Amadora vai para o Benfica, do Benfica para o Bari, do Bari para o Oviedo, do Oviedo para o PSV Eindhoven. Até aqui, tudo bem. O rapaz está na flor da idade e não compromete. Mas o pior estava para vir: é que é precisamente na curva descendente da carreira, naquele exacto ponto em que os jogadores como João Pinto assinam o contrato da vida deles – ou seja, renovam até aos 33 anos com o clube onde já estão – que Abel, natural de Nampula, pula que se farta. De Eindhoven, com 28 anos, em vez de regressar, dá o salto para o Everton. Do Everton, provoca tudo e ninguém ao assinar com o arqui-rival Liverpool. Das margens do Mersey, dá um pulo para o Galatasaray. Das margens do Bósforo, muda-se para o Hannover. Da Alemanha, aos 32 anos, consegue um contrato com a... Roma. Repar-se: não é com o Livorno nem com a Salernitana. É com a Roma!, caros leitores, com a R-O-M-A! Insatisfeito com o buliço mediterrânico da capital italiana, consegue, aos 33 anos, contrato com o Middlesborough. Impressionante. Portugal, Espanha, Holanda, Turquia, Inglaterra, Alemanha e Itália. Tantos clubes, tantas culturas... Será que Xavier – Csaviour, como era conhecido em Inglaterra – fala estes idiomas todos? Será que tem espaço para as camisolas dos clubes por onde passou? Cremos que não.
É caso para dizer: o que faz correr Xavier? Porque é que tantos o aceitam? Será do seu ar exótico que potencia o medo nos adversários? Eis um belo naipe de perguntas retóricas. Apenas nos cumpre dizer que Abel Luís se afigura ante nossos olhos como um Marco Polo da era futebolística, deixando a anos luz o também errante Paulo Sousa (que não tinha um bom empresário: era apenas um grande futebolísta, desejado por todos, com maus joelhos).
Atendendo à aludida meridiana qualidade do jogador em causa, o Périplo de Xavier – nome proposto para a sua biografia – só pode ser equiparado à onírica ida de um Carlos Carneiro para o Barcelona ou mesmo de um Ricardo para o Arsenal. Com um empresário destes, impossible is nothing.

1 Comments:

At 12:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O anormal que escreveu esta cronica vê-se mesmo que não percebe nada de futebol e que tem uma enorme dor de "corno" de alguem com sucesso (é triste porque devia sim, estar orgulhoso por ele ser ser portugues).Que tal a resposta: ser bom jogador, ou ainda ser um profissional dedicado e empenhado, ou ainda não baixar os braços e continuar a trabalhar mesmo estando castigado? E o mais engraçado é que ele nem tem empresário... Devem ser todos burros, só este senhor é que está certo...eu acho é que já tem idade para se reformar... não o Abel Xavier...

 

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