30.7.05

AÍ VAMOS DE VACANCES
E pronto, aqui vamos nós de vacances. Durante três ou nove semanas deixamos espaço ao leitor para se entreter e reflectir com os nossos Artigos 03-05, e zarpamos rumo a um merecido descanso.
Para a despedida, em jeito de tabelinha pós moderna, aqui fica um questionário respondido por Augusto Justo para a secção de lazer dos Cahiers de philosophie de l’Université de Caen (tradução do questionado) e outro, respondido por Ghabri El’Alves, para não ficar atrás.























Augusto Justo, acabadinho de pescar um sável nas gélidas águas da costa de Aberdeen.


P&R1: AUGUSTO JUSTO

Onde vai de férias?
Este ano, para não variar, já estou em Aberdeen, onde vou permanecer durante duas semanas. Como é do domínio público, sou devoto do Aberdeen F.C. e não quero perder o jogo contra o Kilmarnock, no próximo dia 6. Para além do futebol, vou aproveitar para ir à pesca e debater o estruturalismo bruto do futebol escocês com alguns treinadores de lá, que me pediram auxílio. Depois, rumarei, com a minha esposa, a umas termas na Gronelândia, para descansar, ler e beber água fria.

Qual o destino mais filosófico onde já esteve?
Estive uma vez na casa do ilustre Gilles Lipowetsky, num jantar. Depois dos digestivos, voltou-se-me o intestino e estive sentado na sentina do grande filósofo. Achei que aquele era o lugar mais reflexivo e filosófico onde já tinha estado. Até ensaiei uma pose à Pensador de Rodin.

Quem convidaria para ir de férias consigo?
Daúto Faquirá e a família Faquirá. Porque o nome dele é muito curioso: parece o tempo futuro do verbo faquirar. De certeza que é pós moderno, com um nome desses. Adoro dizê-lo: Faquirá. Il faquirá du soleil, demain (risos).

Quais foram as suas férias inesquecíveis?
Lagos, Nigéria, verão de 1981. Cacei crocodilos, fui mordido por cobras, ensinei o existencialismo a uma tribo local e tornei-me agente do Peter Rufai.

E quais seriam as suas férias de sonho?
Um mês em Estagira, a ler o Aristóteles local.

Já teve férias de pesadelo?
Uma semana em Zanzibar: nunca estive numa terra sem vultos do pós modernismo, excepto Fafe.

Que tipo de alterações determinam as férias nos seus rituais quotidianos?
Alterações de peso, dada a minha alarvidade alimentar e alcoólica. Por isso que depois de Aberdeen vou improvisar uma ida às termas de Sukkertoppen/Manitsoq, na Gronelândia. Também fico um bocado boçal, durante o estio. É de estar fora muito tempo.

O que nunca dispensa em férias?/ Há algum objecto que o acompanhe sempre nas viagens?
Um corta unhas, marca Inoxerôse, que a minha Idalécia me trouxe de Paris, um retrato de Lyotard e outro de Lobanowsky, bem como o meu pente de tartaruga, marca Pentex.

Que livro e disco vai levar consigo?
A Filosofia Como Ciência de Rigor, de Husserl; London Calling, dos Clash.

Quantos Gigabytes tem de música?
3,1416.

Último CD que comprou?
Piano Sonata Nº8 em Dó Menor, op.13 "Pathétique", de Rudolph Serkin, gravação de 1962. Um disco supinamente bom.

Música que está a ouvir agora:
Refuse / Resist, dos Sepultura.

Cinco músicas que tenho escutado bastante:
Khonnor - Daylight and Delight
Sinead O’ Connor – Nothing Compares 2 U
Tu Metes Nojo – Zé Manel Tai Tai
Wendy Carlos – Clockwork Orange Ouverture
Carlos Paião – Pó de Arroz

Quanto calça?
42, biqueira larga.

A castanha faz parte dos seus hábitos alimentares?
Não muito, dada a sua inquestionável capacidade propulsora. Como sabe, dou muitas conferências.

O facto de ser nacional interfere na escolha da maçã que adquire?
Por regra não. Sou um cidadão do mundo. Mas tenho uma queda para a maçã reineta.

Envia postais a relatar as férias?
Sim, à senhora minha mãe, para ela não ficar preocupada. E, por vezes, envio postais e cartas anónimas (insultuosas e / ou ameaçadoras) ao Quarlos Eirós, mas ele sabe sempre que sou eu.

Quem é que este ano não merecia ir de férias?
Luis Campos.

Costuma ler inquéritos de verão? Porquê?
Só os de revistas filosóficas. Porque são diferentes de todos os outros.


























Ghabri El'Alves (segundo a contar da esquerda, em pé) num jogo de futebol de sete que opôs o seu corpo de docentes de filosofia da Universidade de Al Raman a uma equipa de taxistas de Mortágua.


P&R2: GHABRI EL'ALVES

1- Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quereria ser?
“A Arte de Viver para a Geração Nova”, de Raoul Vaneigem.

2- Já alguma vez ficou apanhado por uma personagem de ficção?
Sim, pelo Nicómaco, da Ética para o mesmo, do grande Aristóteles de Estagira.

3- Qual foi o último livro que comprou?
Introduction à la Lecture de Hegel, de Kojève. Comprei-o por causa do nome do autor. Dá gosto dizer Kojève, enche-nos a boca, aquele jota carregado. "Ohpá, comprei a Introduction à la Lecture de Hegel, do Kojève". Que gosto me dá dizer isto.

4- Qual foi o último livro que leu?
O Principezinho, de um escritor francês.

5- Que livros está a ler?
A Enciclopédia Einaudi, o Anuário da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, o Breviário da Decomposição, de Cioran, um livro dum escritor chamado Kojève e O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor, de Luís Pacheco.

6- Cinco livros que levaria para uma ilha deserta?
- Como, Logo Emagreço e Mantenho a Linha, de Michel de Montignac
- Guia Prático de Bricolage em Ilhas Desertas, de Marco Marques
- No Fio da Navalha, de W. Sommerset Maughan
- Questions And Answers About The Silva Method, de José Silva
- Breve História do Futebol Total no Mundo Islâmico, de Abdel Ghany.