5.7.05









O Sr. Prof. Dr. Nicolau Zebedeu, PhD., MbA., UmM, apresenta


O NOME DA COISA. A COISA NO NOME. *

Se a pós-modernidade não se chamasse pós-modernidade não seria pós-moderna (Rubizedinski in Coiso, pag. 5735, mais ou menos a meio).

Ocorreu-me esta mítica frase do não menos mítico autor, escrita no ainda não menos mítico livro quando recebi o (escandalosa e incrivelmente ainda não menos mítico) mail do meu amigo e camarada Justo.

O que é a pós-modernidade senão um nome? Os nomes das coisas não serão importantes? Porque é que estou a fazer perguntas à toa? São tudo questões que deixo no ar.

Também na pós-moderna Segunda liga há talentos escondidos no que toca à pós modernidade do nome das coisas.

No Olhanense evolui um atleta de Nome “Toy”. “Toy” está para além da pós-modernidade. Passo uma média de cinco horas diárias a reflectir sobre o porquê de alguém a quem os paizinhos deram a graça de Vítor Manuel querer que o tratem por “Toy”. Assim mesmo. Com ípsilon. Porquê? Porquê? Não percebo. Quanto mais reflicto mais se acentuam duas teses profundamente antagónicas: a de que o possante futebolista das escolas do Benfica é fã de música parola e por isso não se importa que o confundam com o “Ogre de Setúbal”. Ou que era um fã do cão do Bocas, esse simpático Boi que em desenho animado passava nas tardes do 2º canal nos idos de 80. Qualquer das teses não é agradável, embora o cão do Bocas cantasse bem melhor que o Desastre Sadino.

O “Caso Toy” tem justamente a ver com a voluntariedade com que se assume um nome horrível. Lamento a sorte de outros tantos pobres coitados que tiveram de aceitar a infeliz e madrasta designação que progenitores e padrinhos sádicos lhes impuseram. É o caso de Zacarias, antiga estrela poveira que agora espalha magia nos tigres da costa verde; de Hermes, brasileiro que encanta por terras de Avelino Ferreira Torres; Riça, o matador transmontano de Vila da Feira e que tem um nome sempre a propósito quando se trata de fazer quadras brejeiras de S. João; Mamadi pobre Guineense, que também defende as cores feirenses e que deve aturar anos consecutivos de boçais companheiros de profissão a apelidá-lo de Mamaki; Sardinha defesa da Naval 1º de Maio, ou mesmo Boiças, avançado cabo-verdiano do Portimonense. A infelicidade de ostentar semelhante nomenclatura pós-moderna será a razão da não subida destes homens ao escalão maior? O que tem feito o sindicato relativamente a este problema?!

Já não se lamenta a sorte dos seguintes pós-modernos que voluntariamente assumiram uma designação eivada de ridículo: Comboio (aka João Dinis - Alverca). Porquê? É rápido? Chega sempre atrasado?; Apita duas vezes? Pituca (aka Flávio Vitoriano - Portimonense). Pituca?! Pituca porquê? Será uma mistura de Pito com Nuca? Será uma homenagem ao seleccionador romeno de há uns tempos? Para que se põe um pito na nuca?; Pesquinha (aka Carlos Santos – Naval). E já agora porque não Pescona? Será que o homem quando vai pescar só apanha jaquinzinhos? Kikas (aka Paulo Neves – Ovarense). E porque não Fifi? Ou Lili? Ou Magui? Ou mesmo Mariazinha?; Sozé (aka José Silva - Gondomar). Das duas uma: ou o homem é admirador do famoso bruxo, ou está finalmente descoberto que o Kevin Spacey está inocente nos “Suspeitos do Costume”. Kaiser Sozé está vivo e joga à bola em Gondomar.

Enfim, a pós modernidade do nome tanto pode resultar de um fatalismo atávico (machado), como de uma voluntária declaração de vontade, uma verdadeira assunção do ridículo que faria Ionesco corar de vergonha.

E agora calo-me, que já falei demais. Viva o Futeblog-total. Viva a Pós-modernidade.

* Noventa e oito por cento da conferência proferida pelo Sr. Prof. Dr. Nicolau Zebedeu, PhD., MbA., UmM. Os restantes dois por cento, constituidos por ataques pessoais a George Hagi, foram suprimidos. O caso encontra-se entregue à Justiça.