4.7.05

DISCURSO DE ABERTURA DO SIMPÓSIO COMEMORATIVO DO SEGUNDO ANIVERSÁRIO DO FUTEBLOG-TOTAL





Por Augusto Justo, Chairman

Exmo Senhor Professor Doutor José Gil,
Exmo Senhor Professor Quarlos Eirós,
Excelsas Individualidades,
Caros Vultos do Pós Modernismo,
Ilustríssimos Simposiantes,
Mui querida Assistência Pós Moderna,
Lyotardianos e Lyotardianas em geral,
Pessoas,
Minhas Senhoras e Meus Senhores:



Dois Anos de Futeblog Total!

(salva de palmas em pé, com desmaios dos mais vulneráveis, durante um quarto de hora. Algém não identificado disparou dois tiros)

É caso para dizer “quem diria!”

Quem diria que, há precisamente dois anos, moi même, o Quarlos e os irmãos Monteirinho, esplanadando num bar obscuro em Novosibirsk, iríamos estar aqui hoje, depois de setecentos e trinta dias de reflexão, de exposição, de crítica, de debate e de denúncia dos casos mais flagrantes do pós modernismo no futebol lusitano. Quem diria, pois, que estaríamos todos aqui a comemorar aquela que foi uma ideia um tanto ou quanto "dádá".

E quem diria, também, que os irmãos Monteirinho nos iriam abandonar, que Aurárcio Mélio se iria retirar da vida pós moderna activa (se bem que disse que iria fazer apenas uma pausa) e, mesmo assim, nós iríamos conseguir continuar a pós modernizar por aí.

Consinta-me por isso, senhor Professor Doutor José Gil, digníssimo presidente da mesa deste Simpósio, que embora ao arrepio do rigor das normas protocolares faça alusão, à presença nesta sala, e para mim gratificante, do meu grande amigo, quiçá até Pai, Quarlos Eirós, que no exercício da direcção deste weblog de confronto de ideias e de reflexividade colaborou, no possível e no impossível, nesta nobre causa, sem nunca virar o digníssimo trombil.

Daqui lhe expresso o agradecimento público que lhe é efectivamente devido e que, em consciência, não poderia omitir porque sou dos que sustentam que o pós modernismo também é feito de bons sentimentos - e o da gratidão é um deles - que devem preceder e estar acima das lógicas e das regras da geometria protocolar.

Dirijo-me especialmente a V. Exa, senhor Professor Doutor José Gil, presidente da mesa deste Simpósio, para declarar que nos honra o facto de V. Exa ter-se disposto presidir a esta sessão solene de abertura das nossas Jornadas, circunstancia que para além de nobilitar, no plano formal, este encontro, confere-lhe especial dimensão no contexto das nossas relações institucionais, sejam elas quais forem. É caso para cantar, com os Rio Grande, “muito mais é o que nos une / que aquilo que nos separa”.

Dirijo-me, outrossim, a V. Exa na qualidade de filósofo e pós moderno de prestígio, bem como guia espiritual de uma certa portugalidade que abarca, como é óbvio, o pós modernismo no futebol, para lhe dizer, precisamente, que é este medo de existir – não tão só do nosso Portugal, mas também do dito pós modernismo no desporto rei – que faz com que estejamos hoje aqui reunidos para diatribá-lo, para dissecá-lo através brilhantes conferências que teremos o prazer de escutar. É para isso que estão aqui os melhores pensadores do pós modernismo no futebol. Para isso e para o jantar no Sol e Chuva (já agora, vai passar aí uma folhinha, os senhores simposiantes, se não se importavam, assinalavam se querem carne ou peixe, para os senhores do restaurante irem adiantando as doses; obrigado.)

Caros Pós Modernos,
Este simpósio pretende apenas realçar alguns aspectos que me parecem relevantes no vasto leque de questões que se levantam ao pensarmos o pós modernismo no futebol.
É tempo de começar a pensar nesta forma de reflexão como um poderoso instrumento do desenvolvimento, num futuro imediato, da filosofia e do desporto rei. Um instrumento que não se compadece com o ritmo actualmente existente no sector filosófico e crítico português. É preciso chegar mais longe! Tomemos como meta aquilo que de melhor se faz nos sistemas pós modernos mais evoluidos. No entanto, minhas senhoras lyotardianas e meus senhores lyotardianos, só chegaremos lá quando formos capazes de interiorizar e pôr em prática uma verdadeira cultura de pós modernismo, feita de empreendimento e de risco. E esta, não fazendo parte do nosso passado comum, tem necessariamente que começar a fazer parte activa do nosso presente, para bem do futuro do nosso futebol, da nossa filosofia. Sem medo de existir.

(Outra ovação demorada)

Em nome de todos os que fizeram e fazem este FUTEBLOG TOTAL, muito obrigado, muitos parabéns ao blog, aos seus inteligentes leitores e muito boa conferência a todos.

(Mais palmas e um pós moderno arriscou um duplo mortal mal sucedido)

No final dos trabalhos, o pessoal da discoteca vai distribuir aí umas pulseirinhas para podermos todos beber à pala.

(Ovação final de cinco minutos, com a plateia em pé.)