27.6.05

MINUDÊNCIAS DO FIM DE SEMANA
Uma crónica pungente de Quarlos Eirós.




Dimas e Bento são parezinhos enquanto que Oliveira Pinto e Alves são cambão.

Ao contrário de muitos ex amigos meus, no dia vinte e quatro de Junho não sou menino venerando do insigne S. João. Antes me dirijo, por via de regra, à pacata cidade de Guimarães, onde presto homenagem ao ilustre vimaranense Afonso Henriques, colocando uma orquídea selvagem aos pés da portentosa estátua de Soares dos Reis, sita perto do Castelo e do Paço Ducal de inspiração salazarista. É que neste mesmo dia, no ano de 1128, o supracitado monarca venceu senhora sua mãe, D. Teresa, na monumental batalha de S. Mamede, originando um dos maiores erros históricos de que tenho memória: a desmembração de um estado luso-galaico, da Corunha ao Al-Garbh. Podia ter sido bonito, mas não foi. Podia, tal batalha, originar um sketch supino, se a cotejássemos a um jogo de futebol, mas isso fica para outra altura.
Encontrava-me eu a deglutir um magnânime bucho, no restaurante Florêncio, quando me ocorreram duas ideias conceptuais sumárias, entre duas garfadas e um penalty num copo de mistura de dois por três tintos:

Os Parezinhos e o Cambão.
Grassa na pós modernidade do futebol português uma manifestação de dualidade extremamente gratificante e apodada por alguma doutrina de “os parezinhos”: jogadores que não se transferem sozinhos (será a clássica borra?), antes se acompanham nos momentos mais significativos (ou em grande parte) das suas carreiras. Exemplos? Dimas e Paulo Bento: da Amadora para Guimarães, de Guimarães para o Benfica, do Benfica para algum lado em separado (de notar que a ida de Dimas para a Juventus merecia não um post, mas um blog inteiro), e de algum lado em separado para o Sporting. Mais casos existem: os Pedros – Martins e Barbosa – de Guimarães para Alvalade, Nelo e Tavares, do Bessa para a Luz, Paredão e Marcelo, de Santo Tirso para Benfica, entre muitos outros. O denominador comum é a chamada "parelha", indiciante do "pague um, leve dois" ou do "este, sózinho, não sai: para o levarem, façam o favor de levar este também". De notar que a terminologia pós moderna de “os parezinhos” não colide, nem de longe nem de perto, com a categorização modernista de “o cambão / a côngrua”: fenómeno tipo arrastão de praia que faz com que um treinador, a troco sabe-se-lá de quê (v.g. a côngrua), arraste para o clube para onde vai, alguns jogadores. É caso para dizer que quando há cambão, por regra há também côngrua. Apesar de ser um fenómeno maioritariamente palpável nos escalões inferiores, exemplos primodivisionários não faltam, destacando-se, gritante e aleatoriamente, os de João Alves e Marinescu (Farense, Salamanca e Académica), João Alves e João Oliveira Pinto (Guimarães, Farense e Académica), e os de João Alves e Raul Oliveira (Farense e Académica). De notar que os jogadores abrangidos pelo cambão raramente singram, ao contrário dos parezinhos.