11.3.05


Luís "Aí vai outra" Campos: A caminho de se tornar no mais recente mito do futebol português.

VERDES SÃOS OS CAMPOS, VERDE ESTÁ O CAMPOS
Por Augusto Justo, Camponês.

O futebol português, quer se queira, quer não, já tem um novo mito. Falamos, como é demasiado óbvio para o meridiano leitor, de Luis Filipe Hipólito Reis Pedrosa Campos, que, apesar dos seus tenros quarenta e um anos, se assume desde já como a next big thing do pátrio futebol, transcendendo mesmo as fronteiras de qualificação pós moderna que este blog está habituado a fazer. Aliás, segundo a válida opinião de muitos filósofos (entre os quais José Pacheco Pereira), Campos é o Pós Modernismo (o bold é nosso).
Nascido em Setembro de 1964, na pacata Fão (um nome que dá gosto pronunciar), vila reputada pelas suas supinamente deliciosas clarinhas, Luís Campos licenciou-se em Desporto e decidiu, como muitos jovens da sua idade licenciados em Desporto e não só, ser treinador de futebol. A sua carreira inicia-se no Esposende (paredes meias com Fão), na época de 1994/95, conseguindo levar os Encarnados do Cávado a um honroso 4º lugar na Segunda Divisão B. A ascensão fulgurante do Esposende leva-o para a pós-industrial Vila das Aves onde orienta o Desportivo local na Liga de Honra. Duas épocas na Vila onde o Ave é azul, um regresso ao Esposende, contrariando Pavese e o seu “não há lugar mais inabitável do que aquele onde se foi feliz”, o correspondente estalar do chicote, um salto até Leça, outro até Penafiel e por fim a estreia na primeiríssima liga. É aqui que Luís Campos começa por se assumir como um personagem peculiar. Estamos no ano de 2001/2002 e Campos orienta nos campos o Gil Vicente. Meia dúzia de jogos engraçados e a imediata colagem à lendária nouvelle vague de treinadores portugueses, colagem essa que Campos não refuta. Antes pelo contrário, a vai alimentando com um empirismo optimista próprio de quem andou a ler David Hume ou já tomou café no Els Quatre Gats em Barcelona.
Eis-nos, então, na memorável época de 2002-2003, idade da luz e das trevas do esplendor Campesino. Continuando a colagem aos nomes da verdadeira nouvelle vague de treinadores portugueses, onde José “Eu Fiz um Pacto com o Diabo” Mourinho ia espalhando classe, Campos assume uma pretensa amizade com o actual treinador do Chelski. Em declarações ao Mais Futebol, profere mesmo uma asserção própria da escolástica da insegurança: «Tenho respeito e admiração como colega de profissão e amizade por uma pessoa com carácter, amigo e frontal (…). É um relacionamento que tem poucos anos, mas de amizade, e que tem vindo a crescer (…) José Mourinho estudou em Lisboa, eu estudei no Porto. Conhecemo-nos nos encontros de treinadores e nos cursos e a admiração entre um e outro foi crescendo aos poucos». Admiração esta que colheu a sua irreciprocidade na entrevista que Mourinho – adepto confesso da escola cínica – deu a A Bola em quase dois anos depois, em Janeiro de 2005, onde diz que só é amigo de Vítor Pontes. Estamos, portanto, perante um caso académico denominado pela escola inglesa de “one sided friendship”.
A época de 2002-2003 traria, porém, aquele que é por muitos considerado um facto heróico no futebol português: à pergunta “que treinador consegue descer de divisão não uma, não duas, mas três equipas na mesma época?”, a resposta é clara e é de Fão : Luís Campos. Com efeito, o treinador começa a cavar a sepultura do histórico Vitória de Setúbal, cidade de onde prontamente – mas não atempadamente - é saneado. Os mares gelados do norte e as clarinhas de Fão chamam-no para mais perto da sua terra natal, orientando, até final da época um Varzim que conseguira uma primeira volta poderosa, com Pepa, Hilário, Quim Berto e Mendonça em grande destaque. Campos encarrega-se de sepultar o caixão e tapar a urna, conseguindo descer os Lobos do Mar, facto saudado com foguetes em Vila do Conde. E chegados aqui, a pergunta impõe-se: e qual foi a terceira equipa que Campos endossou à liga de honra? Muitos especialistas ficam-se por estas duas, mas eu vou mais longe e digo a alta e viva voz: o Santa Clara. Vejamos porquê: dia 25 de Maio de 2003: o Varzim recebe a Briosa de Artur Jorge e o poeta impõe um categórico 3-0 aos Lobos do Mar. O Setúbal ex de Campos, alguns jogos antes, havia já assinado a sua sentença descendente. A permanência varzinista ficava adiada para a última jornada, a 1 de Junho, num duelo de aflitos com o Santa Clara, no Estádio de S. Miguel. Se o Varzim ganhasse, safava-se desde que a Académica perdesse, o que não aconteceu; se o Santa Clara ganhasse, os açorianos safavam-se; se empatassem, caíam os dois. Ora, que cenário mais Campesino poderia acontecer? Nada mais, nada menos que o famigerado, delirante, cósmico, supino e deleitante empate a dois golos. Num ápice, Luís Campos caía-se e fazia cair quem com ele estava, isto depois de já ter feito metade do trabalho em terras do Sado. Monumentalidade, epicidade e kamikazismo aumentados pelo facto de Campos continuar a colar-se a Mourinho e a uma nova forma de ser, estar, permanecer, ficar e continuar no futebol e, pior do que isso, continuar a ter oferta de trabalho na cidade de Barcelos na época subsequente.
Hoje, e depois de uma "debastada" em Barcelos com efeitos ainda por apurar, os actos transcendentais de Campos grassam na pacata Aveiro, onde a fórmula “Luis Campas” floresce e frutifica no Beira Mar, prenunciando mais um case study na profícua e curta carreira deste homem de Fão, odiado por muitos em Varzim, Setúbal, Ponta Delgada e na Veneza portuguesa e amado com um sorriso sincero por todos restantes que o pretendem ver longe dos seus clubes de eleição.

2 Comments:

At 6:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Lindo pá

 
At 3:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

isto só pode ser escrito por um burro cheio de inveja.

é por isso que ele esta inde está ... e tu??
estas aonde???

 

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