16.3.04

CARTAS PÓS MODERNAS DOS LEITORES IGUALMENTE

Voltam as elegias pós modernas do nosso leitor devoto, Aurélio Campos, que transcrevemos jubilosamente, enquanto o bafejar da inspiração não nos arrota nas ventas.

" Caros e Ilustres Membros da SAD,

Certo dia, era eu ainda um catraio, desloquei-me ao parque de jogos Dr Costa Lima, o estádio do mui nobre e sempre vencedor Castelo da Maia Sport Clube para assistir a um célebre jogo: Castelo da Maia - Vilanovense.
O meu valoroso clube precisava de pontuar para não sucumbir à descida a uma divisão inferior, na altura a 2ª distrital, e estava em maus lençóis porque não tinha sido possível comprar o árbitro, como de costume. Decidiu-se, então, que a bem da freguesia se iria comprar a equipa adversária toda.
O jogo começou e decorreu na perfeição: a bola circulou dentro do grande círculo e não saía de lá nem à força da bala.
Nas bancadas, a claque do Vilanovense entoava palavras de apoio:
-"filhos da p**a, estão comprados, no fim vão ver o que é bom para a tosse...."
A primeira parte acabou sem nenhum dos guarda-redes fazer uma única defesa. A segunda parte começou com uma toada ofensiva de ambas as equipas, ou seja: chegadas à grande área adversária, logo recuavam para o grande círculo, num claro fenómeno de futebol pós moderno.
Último minuto da partida: um badameco do Vilanovense, rompe pela grande área e é de imediato rasteirado por seis ou mais pernas castelenses. O juiz marcou penaltie, a tensão das bancadas era enorme, o público castelense insultava o seu próprio presidente por não ter comprado aquele jogador.
Momento do penaltie e corolário de pós modernidade: o guarda-redes Ernesto, símbolo de toda a tensão castelense, posiciona-se entre os postes. O marcador do penaltie vira-se para o seu banco dos suplentes e pergunta:
- Como é que é????
pondo as mãos na cintura à espera de ordens...
Do banco pela voz do presidente ouve-se o seguinte:
-Chuta para fora.........
o marcador chutou pela linha de fundo.
Os adeptos do Vilanovense invadiram o recinto do jogo e pela 1ª vez na história desta instituição assistiu-se a porrada entre os adeptos e os seus próprios ídolos: uma coisa nunca vista.

fortes e cordiais cumprimentos

Aurélio Campos"