6.2.04


João / Johan Miranda.
A melhor alcunha do mundo.


O DIREITO AO BOM NOME
por Quarlos Eirós, admirador.


O futebol é filho pródigo em nomenclaturas pós modernas, que desafiam as lógicas do poder instituido. Ainda mais prodigioso se torna o desafio, quando a própria pós modernidade não advém de além fronteiras (Sinta-se o prazer vocal quando se abre o Ah de Naddah, quando se espreme o Ííílsson de Eskilsson) e antes reside no nosso seio, bem dentro deste rectângulo das bermudas. O caso que hoje trazemos a lume é, sem dúvida alguma, o melhor petit nom alguma vez aposto no mundo do futebol. O melhor e mais violento de dizer. Tem a força de um galope, a raiva de um complot, a puerilidade de uma marca de brinquedos. Senhoras e Senhores, Pós Modernos e Pós Modernas, eis-nos perante um portento do futebol de ataque: CHICABALA. Como diria Charles Bronson, "Sim, Virgínia, ele existe". E quem é o corpo que se esconde por trás de um nome tão metafísico como este? Os registos são obscuros. Fontes consultadas dão-nos conta de um João (ou Johan, nome que adensa mais o mistério) Carlos S. Miranda, avançado nascido em Esposende, no ano de 1980. A sua carreira é um exemplo inversamente proporcional à grandeza do seu nome. Debuta na primeira divisão em 1997, com as cores do Rio Ave, onde permanece três anos, dezanove jogos e um golo. Depois a explosão em Fafe com 8 golos em trinta e um jogos. As saudades do mar devolvem-no ao Vianense, na época de 2001/02.
Um CV impressionante, é certo. Mas nada que se compare ao nome: sintamos o deleite de o dizer uma outra vez. Chicabala. Uma alcunha que conjuga a familiaridade de um Chico com a monstruosidade de uma cabala, como se disse. Um Chic que nos abala. Uma alcunha que conjuga a excalmação de um Chi com a corruptela de "que bala" em "cabala". Um nome que indicia a rapidez de uma flecha, a força de um touro de Alverca e o instinto assassíno do whisky de Sacavém. Se imperasse o bom estilo português de acoplagem de dois nomes num (a vivenda Mariani, de Maria e Aníbal Cavaco Silva é o exemplo perfeito, tal como a confeitaria Sonibel, de Sónia Isabel) Chicabala seria um caso engraçado de junção de Francisco "Chico/a" Bala. Mas não. A obscuridade é total quando se transforma um João Miranda em Chicabala. O mistério permanece e jamais ppoderá ser esclarecido. O nome, esse, fica imaculado para todo o sempre. Apenas igualado pelo também obscuro Chicangala, que em 1998/99, dava pontapés na bola na também obscura e pós idustrial Vila das Aves.
Quando tiver um filho vou chamá-lo de Chicabala Eirós. E uma filha também. Chicabala. És o maior.