27.12.03


Cacioli: O Lombardo do Gil Vicente para muitos,
O verdadeiro Pai Natal de Barcelos para outros.

CARTAS DOS LEITORES PÓS MODERNOS
Abertas, entre copos e junkies, as cartas de Natal - imensas - que a este blogue chegaram, duas se assumem de exponencial destaque: uma pela sua natureza (1) e pelos temas propostos, que entram, desde já, na agenda 2004 deste blogue; a outra, pelo seu projecto de poder (2), o qual saudamos. Agradecemos imenso a contribuição dada por estes dois grandes leitores e aqui se publicam, na íntegra, ambas as missivas, acomapnhadas pelos renovados votos de um ano de 04 cheio de dadaísmo.
Bem hajam,
Augusto Justo.


CARTA 1, de Octávio Palmelão

Lendo este blog sobre o pós-modernismo no futebol, mormente lusitano, não
posso deixar de vos convidar a algumas reflexões sobre a última década que
seriam úteis para um aprofundar da vossa temática, tais como:

1) Tendo em conta que com o fim dos dois grandes blocos e das metanarrativas
que os suportavam, as guerras passaram a ser meramente pragmáticas e sem
qualquer ideologia que as justifique, gostaria de ler a vossa análise a
essas duas grandes disputas dos anos 90, verdadeiras batalhas
impressionistas como sejam os duelos entre João Pinto—Paulinho Santos
(lateralizando-se também em Acosta) ou o menos mediático, mas não menos
saudoso, entre Mozer e Fernando Couto.

2) Ainda no plano político, porque não abordar o tema da implosão do bloco
vermelho por parte de “Rei Artur” que, num verdadeiro desconstrutivismo
pós-estruturalista, procedeu à transformação ideológica da equipa
benfiquista, retirando-lhe o seu peso europeu? E porque não analisar as
contratações do mesmo Artur (Bosman, o pai do pós-modernismo no campo das
contratações, chegou a treinar na Luz) ou as suas transformações
hermenêuticas da posição do jogador lusitano (cf. a utilização do
inolvidável polivalente, embora de raiz trinco, Paulinho Santos dos pobres,
que foi Tavares a ponta de lança)?

3) Todavia, e no caso de não quererem incomodar os clubes e o facciosismo
dos vossos leitores, porque não uma página sobre essa autêntica
metanarrativa de origem portuguesa que é “O Sistema”, esse subsolo da
crítica do dirigismo português? Ou para restarmos num tema não fracturante,
porque não a Selecção e essa verdadeira golpada na hierarquização, tão ao
gosto pós-moderno, que foi o pontapé de Sá Pinto ao “Rei Artur”, que por sua
vez tinha como antecendente doutrinal o malogrado Zé Beto na final de
Basileia e como expoente final o grande artista no último mundial (assim os
três grandes ficam representados)? Ou para quando o devido tributo ao Prof.
Rui Seabra, seleccionador que, isolado no seu discurso, não se deixou abater
pelo real? Ele que foi o primeiro dos professores por vir. E para quando um
artigo dedicado às duas grandes mulheres do futebol lusitano, Anabela
Chalana e Paulinha, a mítica estagiária?

4) Para findar, gostaria de propor um olhar sobre o norte desportivo
presente na Super Liga, onde de ano a ano nos deparamos com equipas novas
vindas dessa região do país, sempre em movimento, cujo último exemplo é o
Moreira de Cónegos, mas não esquecendo outras como Desportivo das Aves (e
para quando uma menção ao glorioso Prof. Neca?), Vizela, Felgueiras,
Penafiel, Paços de Ferreira, Famalicão, Varzim, Rio Ave, Gil Vicente,
autênticas agremiações de uma voz do Portugal profundo que se teima em
calar.

Na coluna de jogadores pós-modernos, não esqueçam esse triturador que foi
Toninho Metralha, conhecido pela sua pujança no Marítimo, mas que antes teve
ainda tempo para jogar com o Bi-Bota no Porto.
Um abraço. Se precisarem de ajuda, não hesitem, vocês sabem quem sou.


O Palmelão

CARTA 2, de O Panda do Havai

Saudaçoes Pandaistas

É com muito extremo apreço que descubro mais um blog muito útil para a
sociedade portuguesa. Um blog de exaltação do desporto rei e das suas
grandes figuras, fazendo referencias a nomes sonantes como Mangonga ou
Konadu. Acho muito bem.
Aliás, quando dominar o Mundo reservarei um cantinho especial para vossas
excelências, entendidos do futebol. Porque a futebola conjuga muito bem com
as cervejas e os tremoços. E todos sabemos que não é preciso mais para
satisfazer um bom fiél do Panda do Havai.
É bom constatar o bom uso dos blogues numa altura que são utilizados para
as mariquices todas.

Cumprimentos Havaianos