13.11.03


Vinagre e Pingo: dois exemplos liquefactos da onomástica pós moderna no futebol luso.

A ONOMÁSTICA NO FUTEBOL.
Pelo Sr. Aurárcio Mélio, doutorado em filologia românico-gótico-manuelina.

A onomástica nunca foi uma questão de somenos para o pós-modernismo. Na verdade, não podemos ignorar a existência de uma estreitíssima relação dialéctica entre o nosso “eu” e o nome que nos atribuíram. Meus amigos, todos somos escravos do nosso nome. Ele existe independentemente da nossa vontade e por mais que queiramos, não lhe podemos fugir.
Ora, no mundo da bola de capão, este problema merece um especial destaque. Dando uma base científica aquilo que o povo de há anos a esta parte vem dizendo (“Com aquele nome é impossível que saiba jogar à bola”), não receamos em afirmar: a explicação para a inabilidade no domínio da chincha, em muitos casos, começa no próprio nome do praticante.
Não faltam exemplos: quem não se recorda de Pingo, esse médio ofensivo que chegou um dia a vestir de azul e branco. A explicação para o seu fracasso está obviamente contida no nome. É que se imaginarmos que o talento, a fantasia ou a técnica estão contidos num garrafão de 5 litros, Pingo tinha de facto apenas um pingo de cada. Outro exemplo é Vinagre, em tempos defesa flaviense. Como não considerar verdadeiramente azedas as suas intervenções na defensiva azul-grená? Pior, a cada toque na bola de Vinagre, a cara dos furiosos adeptos flavienses contorcia-se de tal forma, que parecia que tinham engolido uma litrada dele (de vinagre, claro).
Ora, aqui chegados, eis que nos assalta uma dúvida. No que à onomástica tange, qual teria sido a equipa que no passado tivesse revelado a maior peculiaridade, o maior virtuosismo, enfim, o maior pós-modernismo? Caros leitores, devemos confessar que, por esta vez, a pesquisa não foi longa. É que após uns breves segundos de reflexão, recuamos no tempo até à época de 91/92 e fomos parar à mais feia de todas as cidades minhotas.
(fim da 1ª parte).