4.11.03


Imagem do terceiro golo romano, no mítico Roma-Salernitana.
À direita, a claque da Salernitana no Olímpico de Roma, com destaque para
Peter Marks, completamente possesso, empunhando um petardo .

COMPREENDER O PÓS MODERNISMO NO FUTEBOL

7 - FUTEBOL, QUE VIOLÊNCIA.
Augusto Justo, membro da Carbonária


As pesquisas empíricas do psicólogo social Peter Marks, velho amigo de Quarlos Eirós e de Aurárcio Mélio acrescentaram elementos novos às análises da violência no futebol, associando-a à agressividade humana e despindo-a de seus elementos históricos e culturais. Com efeito, Peter Marks disfarçou-se habilmente de adepto da Salernitana e esteve na mítica escalada a Roma: Salerno tem 20.000 habitantes, o estádio olímpico de Roma tem capacidade para 80.000. Nesse fatídico domingo, a Salernitana levou uma claque com cerca de 10.000 pessoas (metade da sua população) a Roma e acabou goleada por cinco secas. Peter Marks, irreconhecivelmente disfarçado de Pietro di Marco, acompanhou a claque e libertou-se dos seus elementos históricos e culturais (norte americano que nem sabe o que é um fora de jogo ou um passe de trivela) e decidiu insultar da cabeça aos pés os adeptos da Roma. Entrou de pirete feito no Olímpico, armado de navalhas até aos cabelos, abocanhou um carabinieri e cuspiu nas testas de Giuseppe Gianinni. Foi espancado até ao coma por duas claques inteiras da Roma. No regresso a Salerno, sem dentes, e com o mindinho esquerdo enfiado no nariz, foi convidado para professor de Estudos sobre a Violência no Futebol na universidade de Salerno e foi eleito chefe de claque honorário (sendo ele o autor da belíssima canção da claque " La nostra grande fede, mai morirà, e dalla curva sud, un grido s'alzerà. Alè Salernitana, con te sempre saremo, noi ti vogliam campioni e allora canteremo! Lallalla, lallalla, lallalalalla, uè!")
A questão metodológica, crucial nos demais estudos, foi extremamente bem tratada pela equipa da Universidade de Salerno, chefiada por Marks, aquando de uma deslocação a Inglaterra. Aí conseguiu entrar num grupo de hooligans (com a desculpa infalível do contabilista) e realizar a sua pesquisa minuciosa. O que surpreendeu nos estudos destes grupos? A banalidade de seu estilo de vida, sua integração na sociedade - e não sua marginalidade, bem como um gosto desmesurado pela filosofia existencialista de Soren Kierkegaard, discernindo o filósofo dinamarquês do defesa central dos anos 80, Soren Lerby. A conclusão foi simples, para Marks: “estes brocos (sic) gostam de Kierkegaard por causa dos estádios: estético, ético, religioso e White Heart Lane”.