30.11.03


Barradas e Celso Maciel: All Stars do Covilhã 88

A Falta de Definições Rígidas
Pelo Prof. Quarlos Eirós

A minha tia Gertrudes Steiner Eirós, catedrática de semiótica na Universidade da Pampilhosa, sempre me disse que o pós modernismo não pode, sob o risco de cair numa obsolescência castrante (as palavras são dela), ser explicado por conceitos rígidos e academicamente formais. Antes deve ser plasmado através de exemplos. No futebol, cogitei (ergo sumei), deve passar-se o mesmo. Não tenho uma definição rígida para pós modernismo no futebol, ao contrário do meu amigo Aurárcio Mélio. Antes mostro momentos pós modernos. E hoje de manhã, de visita a essa bela cidade de Covilhã relembrei um desses momentos altamente conceptuais: o onze inicial do Sporting local no mítico embate que, a 13-3-88, ditou o empate a uma bola com o então campeão europeu, FC Porto. Alinharam os "montanheiros" da seguinte forma: Barradas; Gregorio Freixo, Real, Marcelino, Joao Gouveia; Antonio Borges (Saucedo 82´ ), Biri, Carlos Alberto, Mesquita (Kalogue 88´ ); Jacques, Celso Maciel, tendo Biri marcado aos 59 minutos e Gomes, o bibota, empatado aos 79. De notar, neste onze histórico que manietou o FC Porto, os nomes que, paulatinamente, iam trilhando o caminho para a pós modernidade do luso futebol: Barradas, Kalogue, Saucedo, António Borges, Jacques (lê-se o "s" do fim) e Celso Maciel. Ao fim e ao cabo, footballeurs que escrevem a pós história ou a sub história do futebol português e da sua incessante busca pela mediocridade, pelo kitsh, pelo misticismo e pelo mós podernismo (sic). No final, o Sporting da Covilhã foi último classificado, com 21 pontos. Valeu a pena. Um desses pontos está, ainda hoje, gravado a ouro na história do clube: arrancado a forceps ao Campeão Europeu.