O ENIGMÁTICO SORRISO DE MILTON MENDES
pelo Professor Augusto Justo

Milton Mendes. Um nome que, para os amantes do pátrio futebol, dispensa apresentações. Para os outros as faço: Nasceu a 25/4/1965 em Santa Catarina, Brasil, defesa esquerdo, iniciado no Santa Catarina, jogou no Internacional PA, Vasco da Gama e Criciuma. Em Portugal, passou pelo Louletano, Beira Mar, Belenenses, União da Madeira, Espinho, Camacha, S. Vicente, Câmara de Lobos e Machico. Esteve entre nós entre 1986/87 e 2001/2002.
Não é só do futebol que de Milton guardamos recordações. O seu sorriso, ou o facto de estar sempre a sorrir, merece-nos a memorização, a fixação e a interrogação. De que ri Milton Mendes? Que nos transmite, "o sorriso mais radioso que alguma vez iluminou os relvados insulares", numa feliz - sempre feliz - expressão da Caderneta da Bola?
Sobre este sorriso giocondal, mas de dente arreganhado, intuimos que a sua jovialidade não necessita de retoques. O sorriso enigmático é dos mais atraentes, mesmo a quem pouco admira as belas-artes. É um sorriso enigmático porque radia quando se olha directamente para ele, segundo a cientista americana Margaret Livingstone.
O rosto é a parte mais expressiva do corpo. É um instrumento essencial para comunicar, mas nem sempre revela o que nos vai na alma. Milton Mendes possui, provavelmente, o sorriso mais famoso e comunicativo do mundo do futebol, nem que comunique por enigmas. Ninguém sabe ao certo o segredo do sorriso de Milton Mendes. Diz-se que está relacionado com as paisagens da sua terra natal que, juntamente com os olhos, nos dão a sensação de estar a ver um feliz defesa esquerdo. Aliando a nossa percepção à nossa imaginação podemos ver um sorriso forçado, um sorriso que contém uma gargalhada, um sorriso triste. Como diria o meu grato amigo Alexandre Pomar, o sorriso de Milton Mendes possui "o desafio de um sorriso equívocante ou insondável, cuja fugidia imobilidade ora se lerá como uma doçura divina, uma sombra de tristeza, um íntimo segredo ou a contemplação de um mundo interior".