12.8.03

CARTAS DOS LEITORES PÓS MODERNOS

CARTÃO AMARELO A JUSTO
por Jorge Cornuado

Não é sem alguma sensação de azia que tenho de afirmar que o tom discursivo do conselheiro Augusto Justo no artigo O Fim de um Mito (n. da r. - ver arquivos) não passa de um pastiche grosseiro, para não lhe chamar outra coisa pior. A relação entre a pilosidade masculina supra-labial e o futebol lusitano foi estabelecida pela primeira vez por Lara Tinto Correia, num célebre artigo publicado pela primeira vez na revista O Carcavelense e posteriormente reproduzido nas revistas de todo o mundo, incluindo a prestigiada New Yorker. O artigo da famosa quiróloga portuguesa intitulava-se: Vértice de Couro --- Bola, Baliza e Bigode. Este artigo, deixava às claras o que possivelmente já estaria à frente dos olhos sem que ninguém se apercebesse disso. De facto, LTC demonstrou-nos que sem bigodes não seria possível aquele futebol de "coisas bonitas" que consiste em fazer viajar constantemente a bola de pé para pé, entrando em campo somente com um ponta-de-lança. Neste futebol de bigodes, o golo é algo de supérfluo, além disso, quebra o ritmo do espectáculo, daí que é de vital importância que o ponta-de-lança jogue de costas para a baliza municiando o virtusismo técnico dos homens do meio-campo, estes por sua vez devem dar a oportunidade dos centrais e dos laterais mostrarem que também sabem jogar com os pés e transportar o jogo até ao limiar do penúltimo terço do terreno, em sucessivos dribles (basta recordar as investidas bigodianas de Humberto Coelho e de Veloso). Tinto Correia lembra ainda que o único ponta-de-lança de fartos bigodes não era português apesar de que na altura vigorava o estatuto de dupla nacionalidade. Quem não se lembra das épocas gloriosas de Paulinho Cascavel ao serviço do Vitória de Guimarães e do Sporting Clube de Portugal? No entanto, por não possuir um bigode genuinamente lusitano, Cascavel jogava de frente para a baliza e, em vez de fazer coisas verdadeiramente bonitas, fazia golos. Antes do artigo LTC todos se interrogavam, certamente também Augusto Justo, como é que um jogador de fartos bigodes podia marcar golos com tanta facilidade, agora tudo se tornou claro como água. Sim, de facto Artur Jorge rapou o bigode, mas isso não justifica que Augusto Justo omita a proveniência das suas teorias sobre o futebol lusitano. A propriedade intelectual não pode ser desrespeitada desta forma tão leviana. Desta forma, penso que não resta a Justo outra coisa senão retractar-se perante os leitores e adeptos do Futeblog Total.

Resposta a Jorge Cornuado,
por Augusto Justo

Ainda você não era pós moderno, já eu andava no mundo do futebol. Entendeu? Quanto estava o Elvas-Vitória de Guimarães, ao intevalo, época 86-87?