CARTAS DOS LEITORES PÓS MODERNOS (2)
Carta de Lippi Marques, treinador de futebol.
Caro Prof. Quarlos Eirós:
É com grande emoção e todo o respeito que lhe escrevo, sabendo que me dirijo
a um monstro sagrado do desporto em Portugal, na Europa em particular.
O seu artigo COMO TORNAR-SE NUM TREINADOR DE FUTEBOL DE TOPO EM 4 LIÇÕES
despertou em mim algumas perplexidades, que gostaria de ver esclarecidas:
a) no que toca ao vestuário, como deve estar ciente, eu experimentei alguma
transição derivado da minha passagem pelo Inter de Milão, quando deixei o
Juventude Caxineira na época de 1999/2000. Apesar de ter optado pelo estilo
Armani, verifiquei que não fui bem sucedido (não sabia se os havia de
treinar, se lhes havia de pedir autógrafos, já dizia esse outro grande nome
do treino do futebol moderno...). Ao mesmo tempo, sabia que o fato de treino
já há muito saíra do manual de futebol do Humberto Coelho (sempre na minha
cabeceira), pelo que não seria o adequado. O que fazer?
b) ainda nessa minha passagem pelo Calcio (em que, diga-se, fui
incompreendido e cilindrado pelos grandes lobbies do futebol siciliano,
sempre avessos a um terinador arrojado e inovador em terras do Norte de
Itália), verifiquei que frases como "Entrosa, Vieri!" nem sempre surtiam o
efeito desejado. Deveria eu ter adoptado uma postura mais agressiva?
c) sempre reportando-me a essa época, tive alguns problemas no balneário
devido a uma amizade próxima com algumas esposas de jogadores. Sempre
fomentei essas relações de modo a criar bom ambiente e a evitar aos
jogadores o cansaço físico depois de estágios prolongados sem assistir às
suas cônjuges. No entanto, creio não ter sido bem compreendido por alguns
elementos mais retrógrados da equipa. Qual a sua opinião?
d) já reportando-me à minha actual situação de treinador dos "Suicidas de
Al-Aziz", gostaria de saber o motivo de ter sido mal recebido por um dos
meus pupilos o incentivo que lhe dirigi há dias: "Parece que te estás a pôr
num porco!". Será por questões religiosas, por considerarem o porco um
animal indigno?
Espero que as suas certamente esclarecedoras respostas sirvam para iluminar
as mentes dessa nova geração de treinadores que aí anda perdida e que tanto
tem a aprender com homens como V.Exa.
Sempre a considerá-lo
Lippi Marques
Resposta a Lippi Marques,
pelo Prof. Quarlos Eirós
Caro Lippi Marques:
Nem ascogita o quão agradável foi saber de si de um modo tão directo. Tenho acompanhado o seu trabalho nos Suicidas de Al Aziz, e, confesso, estou admiradíssimo com o seu trabalho. Não é qualquer um que consegue reduzir o número de suicídios por jogo de 7 para 3. Os meus parabéns por isso, e pela excelente exibição na final da Taça. Lamento o resultado, é certo, mas estou convicto que, se o seu avançado armadilhado Al Saka não tivesse explodido na cara do guarda redes, pelo menos o empate estaria garantido. Pena que a bola tenha também rebentado e, consequentemente, não entrado na cratera adversária.
No que concerne às suas pertinentes questões, devo dizer-lhe que as verdadeiras respostas estão dentro de si, Lippi. Dentro do seu eu, dentro da sua força interior, capaz de mover rios e montanhas. A nossa alma é um espaço de constante procura, de constantes interrogações. E quando encontramos as respostas, mesmo em fora de jogo, só a vitória interessa. Por isso, meu amigo, procure uma luz, a sua luz, e verá que todo o mundo se alumia, como os holofotes do Estádio Adelino Ribeiro Novo, que você tão bem conhece.
Aceite um amplexo revigorante deste seu admirador e amigo,
Quarlos Eirós.
1 Comments:
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